sexta-feira, 27 de julho de 2012

Suplício de Tântalo

Um ser tão sensível, que se o vento que balança as folhas bater em sua cabeça, balança seus cabelos e leva todos seus pensamentos embora. Seus olhos são dispersos,  olhando para o longe, esperando que algo aconteça, ou que alguém venha de lá, um "lá" que ninguém sabe que lugar é. Esperando um futuro distante que ela acredita estar próximo do céu, que independe do inferno que acontece no seu corpo, e na sua mente. É esse o contraste necessário pra se ter fé, pois é sinônimo de espera longa. Seus dedos estão em constante desassossego, e seus olhos iludindo-se com frutos sonhados de paz. Há uma pequena fonte de água jorrando dos seus olhos, e ironicamente sua garganta está seca. É uma estátua de carne e osso que consegue mexer os dedos, é meio empoeirada, e recepciona todos que passam pelos portões de grade branca. Só há uma coisa em si que não pode ser levada: sonhos e imaginação. Na verdade é mais ilusão, pois a desesperança foi culpada de tal petrificação. É tão vermelhinha sua boca que parece uma maçã, está meio ressecada, mas ainda sim merece um beijo molhado, molhado porque não há quem nãosalive sentindo um sabor doce. Então eu paro de narrar em terceira pessoa, e continuo sentada aqui na porta, recepcionando todos que passam pelos portões de grade branca, esperando alguém me buscar.

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