quarta-feira, 25 de julho de 2012

Futuro desejado


São 1:37 da manhã, e eu venho a esse pequeno espaço em branco, registrar a minha visão, ou talvez uma pequena alucinação, porém digna de acalmar meu estúpido coração jovem apressado. Ainda a pouco, levantei-me, meu colchão parecia não me caber de tanta saudade. Levantei-me e fiquei frente ao meu reflexo, olhando para o espelho, algo inesperado aconteceu, conseguia ver um rosto enrugado, e por um instante duvidei ser o meu. Aos poucos essa imagem começou a virar um pequeno filme, e conseguia ver um futuro meu não muito distante da idade da minha alma. De assustador passou a me agradar tanta liberdade que  havia alí. Os anos haviam me feito muito bem. Eu acordava todas as manhãs com pensamentos carregados de palavras torpes: "-Caralho, já é hora de levantar."- Mas eu era feliz, menos poética, é claro. Meus olhos filmavam, todas as manhãs,  o balanço dos quadris da jovem que servia meu café, passado tantos anos, ela ainda continuava como uma menina. Gostávamos de admirar as curvas da estrada em frente a casa que estávamos, e as novidades por alí não paravam de acontecer, ainda tínhamos muito vigor nos ossos. Eu era muito velha e nem tudo no meu corpo estava em seu devido lugar, mas a pintura em minha pele perpetuava nossa juventude, e nos lembrava toda a história vivida. Eu sabia que não precisaria nada além de envelhecer sem arrepender de nenhuma escolha, e eu tinha convicção do que havia feito na juventude: ignorei toda falta de amor. Aos poucos a imagem foi indo embora, mas comigo ficou a certeza de que vai chegar o dia em que poderei livremente falar de amor.

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