domingo, 5 de junho de 2011

Dor Impura


Durante tanto tempo a ausência de palavras me cercou e com ela o vazio de todos esses sentimentos. Sentido, voz, ouvido, coração, o grande nada, e um buraco sem fundo e largura, o que me leva a uma palavra: incauto. A desistência da arte por mim, leva-me ao vacante espaço de labirintos sem paredes, sem caminho, e o nada está presente novamente. Não sei se é o barulho da saudade que me acorda em meio à noite, como se fosse explosões do lado esquerdo do peito. Os lençóis começam a ficar avermelhados, e todo sono se vai. Tortura, tormento não sei bem o nome, sei que sinto e vivo. Em minhas mãos manchadas com esse sangue que sai de dentro do meu peito, a responsabilidade de refletir a construção de caráter, se ímpio eu não sei. Essa brincadeira de céu e inferno que começa com santidade e termina com amor, leva-me ao porão, escuro, porém não só. E na boca o doce sabor do prazer, escorrendo entre meus dedos, logo tomando todo meu corpo, ofegante, porém, forte. O que era para ser torna-se revés, e o que queria dizer passou sob meus olhos, e tudo que não significa o ar respirado que limpa esse meu veículo corpóreo, obedece a essa máquina chamada de mãos, dedos irreverentes e em desordem, assim como cada palavra sem sentido aqui escrita.