sexta-feira, 27 de julho de 2012

Palavras

Como em transe fiquei parada frente ao relógio, foi triste. Não é a primeira vez que ele revela-se contrário pra mim, como uma contagem regressiva. Meu coração apertou-se, e uma pequena prece saiu da minha boca. Automaticamente vários sussurros vieram aos meus ouvidos, lembrando-me da noite passada. Pediram para minha mente se fechar, mas aconteceu o oposto. Meus olhos e meus sentidos ficaram sensíveis como nunca. Eu conseguia ouvir o vento que entrava sorrateiramente pela pequena abertura na janela, e sentia toda as forças que nos cercam andando pelo corredor indo para meu quarto. Eu só precisava de um pouco de luz pra me manter acordada, eu só precisava de mais um "eu te amo" nesse dia. Sinto que alguma força solta nessa imensidão que apelidamos de "universo" espera algo de mim, tem alguém conspirando algo errado. Nós planejamos um futuro tão bom, sua principal característica é "inefável". Olhei para o espelho, novamente, inúmeras vezes como tenho feitos nesses últimos dias, mas não tinha meu reflexo, tinha filmes, outra vez. Eu via dois futuros: um feliz, e um sem você. Fui obrigada a escrever novamente, ainda que fosse as mesmas palavras, ainda que fosse mais uma declaração de amor como todas as outras palavras que aqui escrevo a você. Eu poderia resumir tudo em três palavras, mas os sentidos e palavras, não mais aleatórias, voam ao meu redor, e eu posso, desta vez, tocá-las e escolher uma a uma. Mas entre tantas palavras, eu só quero poder escolher você todos os dias. E o relógio continua, tic-tac, tic-tac...

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