segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Programe-se: Homo Sapiens


É aqui em minha zona de conforto onde eu me escondo de todos os medos.  Não consigo me adaptar a esse mundo sem graça dos humanos. Tudo e todos são analisados, de preferência, de cima a baixo. Isso seria normal?  Qual seria a dificuldade das pessoas de escutar as palavras de alguém antes de olhar a marca de seus sapatos? É definitivo! Não consigo me acostumar a um mundo tão frio. Nós, “extra”-terrestres, queríamos aproveitar das riquezas desse azul, mas é algo inexeqüível! Não há nada que sobreviva sem o calor dos sentimentos e da verdade. Pelos anos que vivi aqui não consegui discernir quando mentiam, quando falavam verdades ou quando cumpriam suas promessas, tudo parece ser a mesma coisa, contradições desprovidas de lógica alguma. Alma não é algo que mora perto dos rins, é um campo infinito de verdades, felicidades, dores, sentimentos. Mas de que o homem entende?  Mal consigo respirar esse ar, ele mata os meus filhos antes mesmo de nascerem, ou serem planejados. Como sobrevivem a essa falta de ar? Sejam bem-vindos, ó, ultima geração. Esse ar sufoca suas plantas reprodutivas, e seus meios de sobrevivência, mata seus óvulos, e espermas, um a um, vida por vida. Histórias são escritas antes de ter nascimento, desfazendo-se da alegria que aflora das surpresas. Qual é a graça de todos serem iguais? O mesmo gosto em todos os beijos, a mesmas roupas em homens e mulheres, o mesmo corte de cabelo, os mesmos idéias. Se todos são iguais, ninguém precisa se conhecer, e se apaixonar pelo outro seria uma atitude grosseiramente egocêntrica. É impossível viver pela a metade, mas aqui nesse mundo se conformam em se casar sem amor, enriquecer-se e viver sozinho, abraçar sem sentimentos, só ainda não descobriram como ficar “meio grávidos”, mas em se tratando de metade, quase todo resto já descobriram. Aliás, perdoe-me minha exatidão, eles também não aprenderam a viver sentimentos pela metade, não conseguem ficar meio apaixonados, ou com meia saudade, isso porque todo sentimento por si só é inteiro, completo em sua fiel existência, independem dos humanos que os sentem, a partir daí torna-se claro o fracasso do homem: não conseguem controlar o que sentem. O que você não controla, controla você, é claro e óbvio. Às vezes começo a me questionar se nesses corpos-capas existe, de fato, algo além de seu acéfalo, algo como alma, espírito. Aqui parece ser tudo tão programado. Aliás, eu estou tão acostumada a esse sistema de programação, que marquei a data da minha partida desse planeta, esse plano não foi movido por espontaneidade alguma. Eu até programei de escrever tudo isso, programei de tocar cada um com minhas palavras para ativarem seus pensamentos programados de pensar a respeito e sentirem vontade de programar uma vida diferente.  

Um comentário:

  1. Parabéns!!! Conseguiu me tocar com essas lindas palavras *-* Pode ter certeza que uma vida você já mudo, com esses textos lindos *.*

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