quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Longe de mim


Os olhos mentem, as palavras nos entregam, a alma nos protege. Estou longe da minha alma, e desconheço sua origem, nem sei a quem pertence, entre céu e inferno meus olhos transitam, e minhas palavras ficam por aqui mesmo, nesse pequeno espaço em branco. Poderia hoje falar dos meus pecados, e dos mais ínfimos desejos, ou de qualquer tristeza que embelezam meus escritos, mas algo rege minha alma para longe de mim e deixam as palavras inalcançáveis aos meus dedos e mente, e os meus olhos, não vêem beleza alguma nessa facilidade. Penso que o poder da crítica tomou conta do meu corpo, e o que antes era fonte de inspiração solitária e romântica, tornou-se uma fonte, diga-se de passagem, seca. Minha esquizofrenia me deixou, e os mesmos remédios recusam-se fazer efeito sobre mim, estou tão normal, e isso me desaponta da planta dos pés ao alto da cabeça. Meus olhos que partiam da análise do secreto, minha pequena adoração ao oculto, abandona-me no superficial, meu corpo fechou-se para minha própria alma. Um texto sem ponto final, mas também sem palavras, completamente desprovida de sentido ocupam as páginas desse espaço. Mas eu falo de quê mesmo? Eu amo, eu vivo, eu me descontrolo? Como não estou morta? Consigo sentir o vigor em minha veias, mas não levanto desse lugar: é uma caixa de madeira com flores, bem macio. Aqui é quente, e a idéia de sair daqui apavora-me. Não sou criança, nem adulta, sou o quê? A vida me chama, sem medo eu vou, mas pra onde?

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