domingo, 5 de dezembro de 2010

Devorar-te


       Certa vez observando um céu singular em suas características, pude reconhecer minha pequenez perante um universo desconhecido por meus olhos. Andando alguns centímetros do chão, e pensamentos flutuando sobre mim, pude mergulhar em profundas reflexões sobre a vida enquanto reles ser que sou. Admitia naquele instante ser inexeqüível alguém perpetuar filosofias constantes, prova disso, estava eu, naquele momento, jogando milhares delas a ventos frios que constantemente passavam em minha barriga, onde eu podia até mesmo tocar com minhas próprias mãos o rosto dos novos pensamentos e sentimentos que tomariam conta de mim a partir dali. Pensamentos esses que me testavam, e me faziam crer que tudo que tinha construído durante toda minha vida era um grande equivoco carregado em minha bagagem por uma eternidade que só eu compreendia. Canções embaladas a ritmos que somente minha psique conhecia, eram compostas por mim por meio daqueles olhos, que não podiam prever cor alguma, sequer intenções. Um grande mistério! Um mistério que me enchia de “porquês” e nenhuma resposta. Exigia de minha interpretação o “sub-entendimento” de palavras não ditas, mas que eu deveria sabiamente, atingi-las com inteligência, para que pudesse, finalmente, sentir. Uma tautologia era vivida através da insistência da minha alma para entendimento de coisas que aleatoriamente aconteciam a minha volta, mas que de alguma forma me aventurava na tentativa da descoberta de braços de salvação, uma lógica para a sucessão de acontecimentos que eu insistia tomar para mim como vida. Coisas que ora me enchiam do nada, ora me completavam e me dava motivo para viver e inventar lógica e estrutura para cada respiro respirado que me sustentavam naqueles lábios, complementados somente por palavras que me cobriam do que, penso ser, amor.

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