quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Despedida


Que agonia! Foi o que eu disse ao acordar de um sonho, uma fissura. A química já refletida em meus olhos alertava-me que aqueles remédios não funcionariam mais. Um tumor, com mais precisão, afirmo ser do lado direito da cabeça e um do lado esquerdo do peito, mas juro que se me pedir pra viver, vou ignorar quaisquer condições físicas, morte é detalhe, vida é esse amor amado sozinha.  Ouça as estrelas de Bilac, e perca o senso, meu sentimento se alimenta da alogia, da solicitude, deviria ser a dois, mas danço sozinha, a última música. Não vê que é deselegante deixar uma dama com as mãos estendidas? É como amar a independência e algemar-se ao pé da cama, tente andar sem arrastar nada. Outrora essas estrelas não interferiam em meus sentidos, hoje as entendo. Como disse o mesmo, Olavo, "amai para entendê-las!” Defendo a mesma idéia, somente quem ama tem ouvido para escutá-las. Não adiantaria um homem possuir um pedaço do universo e não compreender sequer uma única estrela que o compõe. É o mesmo que segurar um escrito de Fernando Pessoa, e não saber ler. Um teor de desperdício, e facilmente se torna, ou se mantém leigo. Esse desconhecido nos atrai, admito o meu gosto pela queda, pelo sem fim, amando a profundidade do raso, dos olhos e pulmões. Deixe-me cair nesse espaço de tempo, no lugar dos ponteiros, deixe-me contá-los a você, de 5 a 55, sem hora, sem tempo.

2 comentários:

  1. Gosto das conexões que você faz com cada texto *-* Se uma pessoa quiser entende bem MESMO esse precisa ler os outros ou ao menos alguns... Gosto dessas ligações =D CONTINUE ASSIM!! ESTÁ DE PARABÉNS!

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  2. Cada vez que leio seus textos, fico mais e mais impressionado com a riqueza de detalhes e de sentimentos que você consegue colocar em cada frase, em cada palavra.
    Parabéns !

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