Sentada frente a minha árvore, lia um livro de Drummond, aquele de Carlos, que também é de Andrade, e observava algumas vezes os mesmo movimentos das folhas. Poderia jurar que se elas não se movessem com tanta paz, com a força do meu pensamento as moveria um centímetro que fosse. Estava sendo regida por um sentimento, talvez um sem nome, ou talvez fosse o nada, o fato era que eu respirava cada palavra daquele livro e daquela leve brisa de chuva que viria mais tarde. Algumas vezes, minhas palavras se misturavam as de Drummond e não sabia diferenciar quais eram as dele, tão pouco as minhas, mas percebia que ali havia uma história que se contava para mim, provavelmente, memórias recentes de beijos livres de exatidão ou motivo, mas existiram, me explique como ignorar? Os olhos rasos conseguiam! Aqueles olhos grandes, eles mesmos, aqueles que me descreviam e me devoravam por dentro. Nunca soube ao certo o que pensar daquele par de olhos, eu sentia medo, mas o amava, eu ficava apavorada, mas queria estar perto, dispensando qualquer explicação: tautologia! Não me dou ao trabalho de explicar o que senti, ou percebi, não sei ao certo o que é, o que foi, ou era, não consigo definir se é sentimento, ou sensação, sei que “algo” existe. Talvez seja só o meu medo de admitir as três palavras sagradas, aquelas que envolvem o “eu”, e provavelmente, o “amo”, podendo até mesmo completar com lógica a admissão do “te”. Independe de mim o final, se é que isso existe nesse “algo” excedível. Em janeiro passei a ignorar definições, elas passaram a perder o sentido para mim, dar nomes então, fugiram de mim tais criações. Eu respirava 24 horas, e não sabia se um segundo sequer pertencia a mim. Numerosos pensamentos! Sabia que pensamentos existiam, mas quais eram meus? Eu era dona de algum? Na verdade, talvez, eles não me interessassem, eu estava mesmo era interessada em um órgão, aquele que faz: Tum, Tum, Tum. Dizem que ele funciona como uma bomba, é avermelhado e cheio de tubos, isso eu aprendi. Já sabe qual é? Vou ser clara, é aquele que dá pressão, os médicos dizem que sem ele não ficamos em pé, tão pouco respiramos, ou vivemos. Os doutores que me desculpem, mas eu tenho um desse aí e constantemente fico sem respirar, todos os dias me dou à morte. Sugiro uma “reformulação” do conceito que define funções para esse órgão. Ele me matou, e aqueles tubos não chegavam ao meu cérebro, ilidindo uma possibilidade de corrente, a sangüínea, mas “algo” passava por todo meu corpo, uma corrente. Onde começa? E onde é seu fim? Onde se restringe a uma questão de lugar. Mas qual lugar? Já não quero mais saber. Quando coloquei a mão em minha cabeça estava quente, como todo meu corpo, um fogo, ardente, aquele que arde sem se ver. Como se esconde o fogo? Eu sugiro que se retirando as peças de roupa, muito pode se esconder, até mesmo o fogo, talvez assim o apague, o fato é que ele desaparece, mas é certo que ele volta, ou seja, a questão é esconder. Podemos utilizar uma figura de linguagem que emprega termos mais agradáveis para suavizar, talvez expressões, mas hoje digo de uma história. Talvez seja uma “estória”, eu a criei sozinha, quiçá, advinda de uma rápida hiperestesia de 12 meses, não é um ano, mas há datas. Para finalizar saudarei com um “viva” os desencontros: Viva! Viva a utopia, aquela que carrega em seu significado um mundo imaginário, fantástico, civilização a dois, somos tudo, somos dois, somos o jogo, vamos jogar.
Gamei *-* Ameiii de s2 =D Quero mais, mais, mais e mais *o*
ResponderExcluirOlá, seu blog é muito bonito e seus textos impecáveis: ótima escrita e ideias. Também escrevo e falo de literatura. Gostaria que visitasse meu blog. Estou começando e precisando de boas parcerias como a sua. Abraços e boa sorte! Carolina Bernardes
ResponderExcluirVocê escreve muito bem! Estou te seguindo!
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